Filho do presidente da Guiné Equatorial é condenado por fraude


Teodorin Obiang gastou quase R$ 80 mil em um jantar no Rio de Janeiro. País africano recebeu homenagem da Beija-Flor no Carnaval de 2015, o que gerou polêmica. Teodorin Obiang, vice-presidente da Guiné Equatorial e filho do ditador Teodoro Obiang, em foto de 2013
Jerôme Leroy/AFP
Teodorin Obiang, filho do chefe de Estado da Guiné Equatorial e atual vice-presidente, foi condenado nessa segunda-feira (10) pela justiça francesa. O líder político, que ficou conhecido no Brasil após a homenagem feita pela escola de samba Beija-Flor a seu país, é acusado de enriquecimento fraudulento.
Após um primeiro recurso, a justiça condenou Teodorin Obiang a três anos de prisão com sursis e uma multa de € 30 milhões (mais de R$ 140 milhões). Aos 50 anos, o filho do presidente se tornou o primeiro líder africano punido na França em um processo de enriquecimento ilícito. Ele também terá os bens adquiridos de forma ilegal confiscados.
“É um sinal forte e potente contra quem considera que a cultura de impunidade é um meio indispensável para organizar e manter o recurso de predação de recursos em África”, indicou William Bourdon, advogado da organização Transparency International, uma das ONGs por trás do processo.
Quase R$ 80 mil gastos em um jantar no Rio de Janeiro
Teodoro Obiang Mang, também conhecido como Teodorin, vice-presidente da Guiné Equatorial. Foto de 2018
Reprodução/EPTV
Obiang é conhecido levar uma vida luxuosa, morando em mansões e passeando em carros de luxo. Mesmo após a condenação em primeira instância, em 2017, ele continuou postando nas redes sociais fotos de suas férias a bordo de iates gigantescos, nadando com tubarões em águas cristalinas, ou dançando durante o carnaval do Rio de Janeiro.
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Sua passagem pelo Brasil, aliás, suscitou interesse por esse país africano pouco conhecido dos brasileiros. Em 2015 a Guiné Equatorial foi homenageada pela escola de samba Beija-Flor que, em troca, teria recebido € 10 milhões de patrocínio. Na época, o governo do país africano negou ter dado o patrocínio e afirmou ter apenas contribuído com material e informações para a escola de samba.
Mas independentemente da ajuda financeira, os cariocas puderam ver de perto o lado esbanjador do líder africano, que gastou R$ 79 mil apenas em um jantar em um restaurante de frutos do mar, reservou sete suítes de cobertura no hotel Copacabana Palace e que alugou dois camarotes onde os 40 convidados foram regados com champanhe Dom Pérignon durante o carnaval. Enquanto isso, mais de um milhão de pessoas em seu país vive abaixo da linha da pobreza.
Presidente há mais de 40 anos no poder
O ditador de Guiné Equatorial, Theodore Nguema Obiang, acompanhou o desfile da Beija-Flor em um camarote na Sapucaí em 2015. Ele é pai de Theodorin Obiang, condenado nesta segunda-feira (10)
Alexandre Durão/G1
A riqueza de Teodorin Obiang vem principalmente das grandes reservas de petróleo e da madeira, as principais fontes de renda da Guiné Equatorial, pequena nação espremida entre Gabão e Camarões. Antes de ser vice-presidente, ele foi ministro da Agricultura.
No entanto, o salário de US$ 75 mil anuais não permitiria a vida milionária exibida Obiang. Diante dessa incoerência, as investigações provaram que, entre 2004 e 2011, o ministério das Finanças transferiu mais de € 100 milhões para a conta privada do filho do presidente.
A Guiné Equatorial é considerado um dos países mais corruptos e repressivos do mundo, com registros de prisões arbitrárias, tortura de opositores e inúmeras denúncias de fraudes. No poder há mais de 40 anos, o pai de Teodorin Obiang, Teodoro Obiang, já bateu o recorde africano de chefe de Estado há mais tempo de cargo.
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Mapa de Guiné Equatorial
Infografia: Juliane Souza
Fonte: MUNDO

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