Nissan demite 398 empregados que estavam com contratos suspensos


Empresa diz que busca se adequar à nova situação do mercado e precisou tomar novas medidas para garantir a sustentabilidade da sua operação no país. Fábrica da NIssan em Resende, RJ
Divulgação
As demissões no setor automotivo devido à crise causada pela pandemia do novo coronavírus têm início com a Nissan. A montadora fez um corte de 398 funcionários da fábrica de Resende (RJ) nesta segunda-feira (22).
Os trabalhadores das linhas de montagem estavam afastados há três meses, sendo um em férias coletivas e dois no regime de suspensão de contrato. A empresa decidiu pagar a multa e os salários para fazer a redução de pessoal, pois a produção será reduzida nesse período de retomada.
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O corte equivale a 15,9% do quadro de funcionários em Resende, que era de 2.500 empregados. A fábrica de Resende produz os modelos March, Versa e Kicks, que custam entre R$ 59 mil e R$ 109,8 mil.
Em nota, a montadora diz que “vem buscando adequar o seu negócio à nova situação do mercado automotivo no Brasil em decorrência dos reflexos da pandemia de Covid-19 e, em função da manutenção do cenário atual de forte retração, a empresa precisou adotar novas medidas para garantir a sustentabilidade da sua operação no país.”
A produção no complexo industrial de Resende será retomada nesta quarta-feira (24), em apenas um turno. Desde março de 2017, a fábrica vinha trabalhando em dois períodos, o que levou à contratação de 600 funcionários na época.
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Parte dos trabalhadores foi realocada. Um executivo da montadora explicou que a empresa fez o possível para manter o maior número de trabalhadores, por se tratar de mão de obra altamente qualificada e em uma área que se tornou polo de produção automotiva.
A região composta pelos municípios de Resende, Porto Real e Itatiaia abriga linhas de montagem da Volkswagen Caminhões, da Jaguar Land Rover e do grupo PSA Peugeot Citroën, além de diversos fabricantes de componentes e de maquinário pesado.
Os cortes ocorrem às vésperas de a marca japonesa renovar sua linha de produtos no país, com o lançamento das novas gerações dos sedãs Versa e Sentra. Ambos serão, a princípio, importados do México. A montadora ainda não revelou se há futuros modelos previstos para a fábrica de Resende.
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A montadora japonesa já havia iniciado cortes globais em 2019, antes da pandemia. O plano de redução de custos está sendo ampliado agora e em maior escala, pois envolve as demais marcas da Aliança Renault Nissan Mitsubishi.
No Brasil, os cortes são puxados pela queda no emplacamento de veículos. A Anfavea (associação das montadoras instaladas no Brasil) prevê retração de 40% nas vendas de veículos leves e pesados neste ano na comparação com 2019.
A retomada da produção tem ocorrido em apenas um turno, o que gera preocupação com cortes futuros em outras fábricas que retornam no mesmo regime. Com a desvalorização do real e as contas feitas pelas matrizes em dólar, há o temor de outras empresas optarem pelo pagamento da multa e do período de contrato suspenso para fazer cortes.
O Brasil tem 65 unidades de produção de automóveis, caminhões, implementos rodoviários e maquinário agrícola. As empresas associadas à Anfavea empregam 125 mil trabalhadores.
Mas a cadeia é extensa e inclui centenas de fornecedores que, de acordo com o Sindipeças, empregam 248 mil funcionários diretos.
A retomada nas linhas de produção ocorre de forma gradativa, sempre se ajustando à demanda. Tradicionalmente mais cautelosas, as montadoras japonesas são as últimas a retornar às atividades fabris.
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A Toyota volta a fabricar seus carros nesta semana em todas as quatro fábricas paulistas. Nesta segunda (22) as unidades de São Bernardo do Campo, Indaiatuba e Porto Feliz voltaram a operar, enquanto a unidade de Sorocaba volta na sexta (26).
A Honda Automóveis tem retorno previsto para o dia 13 de julho em Sumaré e em Itirapina, cidades do interior de São Paulo.
Fonte: ECONOMIA

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