Pyongyang ameaça reforçar presença perto da Zona Desmilitarizada da Coreia


Ameaça acontece um dia depois da destruição do escritório de relações com Sul, em uma escalada das tensões que foi condenada pela Coreia do Sul. Soldados sul-coreanos se deslocam em veículo militar na cidade fronteiriça de Paju, nesta quarta-feira (17). Coreia do Norte ameaçou reforçar sua presença militar na Zona Desmilitarizada que fica na região que divide os dois países
Jung Yeon-je / AFP
Pyongyang ameaçou nesta quarta-feira (17) reforçar a presença militar nos arredores da Zona Desmilitarizada da Coreia (DMZ), um dia depois da destruição do escritório de relações com o Sul, em uma escalada das tensões que foi condenada por Seul.
A Coreia do Norte afirmou que rejeitou uma oferta que teria recebido do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, sobre o envio de emissários para negociações.
O que pretende a Coreia do Norte ao explodir o escritório de diálogo com o Sul?
Kim Yo Jong, a influente irmã do líder norte-coreano Kim Jong-un, chamou a proposta de “sinistra e sem tato”, de acordo com a agência norte-coreana KCNA.
Seul, que tentou acalmar a situação nos últimos meses, respondeu e denunciou as declarações do país vizinho como “insensatas e grosseiras.
“Advertimos que não toleraremos mais as ações e as declarações pouco razoáveis do Norte”, declarou o porta-voz da Casa Azul, a presidência sul-coreana, Yoon Do-han. Ele considerou a divulgação por Pyongyang da proposta de Moon de enviar um emissário ao Norte é “insensata e sem precedentes”.
‘O Norte pagará o preço’
O ministério sul-coreano da Defensa considera que, se concretizadas, as ameaças do Norte violariam diversos acordos intercoreanos. “Sem dúvida, o Norte pagará o preço caso este tipo de ação aconteça”, adverte um comunicado.
A demolição do escritório de relações localizado na zona industrial de Kaesong, ao norte da DMZ, aconteceu após as repetidas críticas de Pyongyang a respeito do lançamento de material de propaganda em seu território a partir do Sul por dissidentes do regime.
O escritório, inaugurado em setembro de 2018, era um dos símbolos da extraordinária redução na tensão na península há dois anos. O local foi o resultado de um acordo entre Kim e Moon, que se reuniram três vezes em um período de poucos meses.
Coreia do Norte explode e destrói escritório de relações com a Coreia do Sul
No ponto máximo da atividade, o escritório reunida as delegações do Norte e do Sul – cada uma com 20 funcionários.
Era o primeiro instrumento físico permanente de comunicação destinado a desenvolver as relações entre os dois países, melhorar as relações entre Estados Unidos e o Norte, além de acalmar as tensões militares.
O escritório interrompeu as atividades em janeiro devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus.
As relações Norte-Sul pioraram após o fiasco do segundo encontro entre o presidente americano Donald Trump e Kim Jong Un, em fevereiro de 2019 em Hanói.
Analistas suspeitam que o Norte tenta criar uma crise para conseguir concessões após a estagnação das negociações internacionais sobre seus programas nucleares.
Em um comunicado divulgado pela agência estatal KCNA, o exército norte-coreano afirma que vai mobilizar unidades na estação turística de Monte Kumgang no complexo de Kaesong.
Fotos mostram o imóvel que abrigava escritórios do projeto de conciliação entre as duas coreias antes e durante a explosão que o destruiu na terça-feira (16) Korean Central
News Agency/Korea News Service via AP
As duas zonas abrigavam alguns dos projetos mais importantes da cooperação intercoreana.
O Monte Kumgang era um destino turístico para os sul-coreanos até que um soldado norte-coreano matou, em 2008, uma mulher que havia se afastado das áreas autorizadas.
Na zona industrial de Kaesong, onde ficava o escritório de ligações, empresas sul-coreanas empregaram até 2018 operários norte-coreanos e pagavam seus salários em Pyongyang, no âmbito de um acordo muito lucrativo para a Coreia do Norte.
Um porta-voz do exército norte-coreano anunciou o retorno dos postos de segurança, que haviam sido retirados da zona desmilitarizada no âmbito de um acordo intercoreano em 2018, para “reforçar a vigilância da linha de frente”.
As unidades de artilharia, em particular nas zonas marítimas, retomarão “todos os tipos de exercícios militares regulares” e o Norte pretende enviar em direção ao Sul os próprios folhetos de propaganda.
A Guerra da Coreia (1950-1953) terminou com um armistício e não um acordo de paz, o significa que os dois vizinhos permanecem, tecnicamente, em guerra.
Fonte: MUNDO

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