Coalizão internacional cria fundo de apoio para pesquisas de vacinas contra o coronavírus
Organização vai financiar três programas contra o surto de pneumonia grave. Órgão regulador russo também havia anunciado pesquisas. Passageiros usam máscaras para evitar a contaminação pelo coronavírus em estação ferroviária de alta velocidade, em Hong Kong, nesta quarta-feira (22)
Kin Cheung/AP
A Coalizão de Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi) – grupo internacional para o controle de doenças – anunciou um fundo para apoiar três programas de desenvolvimento de vacinas contra o 2019-nCoV, o novo coronavírus. Sem uma forma de imunização disponível, 9 países já foram afetados pelo surto que começou na China. Mais de 600 casos foram registrados, com 18 mortes.
O que se sabe e o que ainda é dúvida sobre o coronavírus
Cronologia da expansão do novo vírus descoberto na China
Na quarta-feira (22), a Rússia, por meio de seu órgão regulador, também havia anunciado que está trabalhando no desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus.
De acordo com a Cepi, o objetivo inicial é encontrar candidatos para os testes clínicos o mais rápido possível. Os esforços reunirão a farmacêutica americana Inovio, a Universidade de Queensland, a empresa de biotecnologia Moderna e o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA (NIH).
“Devido à rápida disseminação global do vírus 2019-nCoV, o mundo precisa agir rapidamente e em unidade para combater a doença. Nossa intenção com este trabalho é alavancar nossas pesquisas com o coronavírus Mers e em plataformas de resposta rápida para o desenvolvimento mais rápido da vacina do novo 2019-nCoV”, disse Richard Hatchett, diretor-executivo do Cepi.
O coronavírus Mers, citado por Hatchett, faz parte da mesma família do 2019-nCoV, responsável pelo surto atual. O novo vírus representa a primeira doença de destaque desde a criação do Cepi em Davos em 2017. Em abril de 2018, a coalização anunciou um acordo de parceria no valor de U$ 56 milhões para candidatos à produção de vacinas contra o Mers, entre outras doenças infecciosas.
Ciclo do novo coronavírus – transmissão e sintomas
Arte/G1
Estudo chinês
O novo coronavírus surgido na China pode ter vindo de cobras, animais silvestres que são reservatório do vírus, afirma um estudo da Universidade de Pequim e da Universidade de Bioengenharia de Wuhan.
Os primeiros pacientes infectados tiveram contato com carne de animais silvestres vendida no mercado de frutos do mar da cidade de Wuhan. A primeira infecção do novo coronavírus em humanos teria ocorrido depois do contato de frequentadores e trabalhadores do mercado com a carne de cobras.
Cobra chinesa (Bungarus multicinctus) que pode ter carregado a nova cepa do coronavírus
LiCheng Shih/CCBY2.0
“Muitos pacientes foram potencialmente expostos a animais silvestres no mercado atacadista de frutos do mar de Huanan, onde também eram vendidos aves, cobras, morcegos e outros animais silvestres”, diz o estudo.
“O surto de pneumonia viral em Wuhan está associado ao histórico de exposição ao reservatório de vírus no mercado atacadista de frutos do mar de Huanan, sugerindo uma possível zoonose. O mercado de frutos do mar também vendia animais vivos, como cobras, marmotas, morcegos, pássaros, sapos, ouriços e coelhos” , aponta trecho do estudo
Situação do coronavírus na China
Guilherme Luiz Pinheiro/Arte G1
Vírus infecta também animais
O coronavírus é uma família de vírus que pode infectar seres humanos e muitas espécies animais diferentes, incluindo suínos, bovinos, cavalos, camelos, gatos, cães, roedores, pássaros, morcegos, coelhos, furões, roedores, cobras e outros animais selvagens.
Para achar o possível hospedeiro dessa nova versão do vírus, chamada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2019-nCoV, os pesquisadores realizaram uma análise filogenética de 276 genomas de possíveis animais hospedeiros, coletadas de um banco internacional de dados.
OMS sobre o coronavírus: ‘Ainda é cedo para ser considerado uma emergência internacional’
Os genomas, que eram de animais tanto da China como de outros continentes, foram comparados com os traços localizados nas amostras coletadas em pessoas infectadas.
“Os resultados de nossa análise sugerem que a cobra é o reservatório de animais silvestres mais provável responsável pelo atual surto de infecção por 2019-nCoV”, conclui o estudo. A transmissão teria começado entre espécies de serpentes e de serpentes para humanos.
Análises anteriores também mostraram que o sequenciamento genético do vírus vinha de morcegos, mas foi descartada a possibilidade deles serem a fonte direta. Em vez disso, o coronavírus recém-descoberto provavelmente pulou de cobras para humanos – especificamente de uma espécie conhecida como “Chinese Krait” ou cobra chinesa (Bungarus multicinctus).
OMS descarta emergência
Após dois dias de discussões, a comissão especial da Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu que “ainda é cedo” para declarar emergência internacional devido às infecções do coronavírus.
“Não se engane. Esta é uma emergência na China, mas ainda não se tornou uma emergência de saúde global”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
“No momento, a OMS não recomenda restrições mais amplas a viagens ou ao comércio. Recomendamos a triagem na saída nos aeroportos como parte de um conjunto abrangente de medidas de contenção.”
Até o momento, a OMS usou a denominação “emergência de saúde pública de interesse internacional” apenas em casos raros de epidemias que exigem uma vigorosa resposta internacional, como a gripe suína H1N1 (2009), o zika vírus (2016) e a febre ebola, que devastou parte da população da África Ocidental de 2014 a 2016 e ainda atinge a República democrática do Congo desde 2018.
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Fonte: SAUDE