Guaidó visita Bruxelas em momento em que iniciativas da UE para a Venezuela paradas
Enquanto autoproclamado presidente interino da Venezuela faz tour pela europa, agentes do serviço de inteligência invadiram seu escritório em Caracas. Chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, cumprimenta o líder da oposição política da Venezuela, Juan Guaidó, antes de uma reunião na sede da UE nesta quarta-feira (22)
Aris Oikonomou/AP
O líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, encontrou do chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, nesta quarta-feira (21), em um momento em que as iniciativas do bloco sobre a crise venezuelana estão paralisadas.
O tour internacional de Guaidó acontece em um momento em que a crise política na Venezuela segue estagnada. Em janeiro de 2019, ele se autoproclamou presidente interino do país e recebeu o reconhecimento de mais de 50 países.
Recentemente, o país enfrentou um novo imbróglio político. Em sessão sem a participação da oposição a Nicolás Maduro, o governista Luis Parra foi eleito presidente da Assembleia Nacional. Em uma votação paralela, organizada em um jornal local, apoiadores reconduziram Guaidó no cargo.
A UE o apoiou como presidente “legítimo” na sua disputa com o governista Luis Parra.
“Se Guaidó quer desbloquear o impasse, precisa de outros aliados além do apoio tradicional dos Estados Unidos e do Grupo de Lima. A Europa surge claramente como uma peça-chave”, explicou à AFP Carlos Malamud, do centro de reflexão Real Instituto Elcano.
Ação europeia paralisada
A UE está agora mais focada em sua política externa nos conflitos e tensões no Oriente Médio e no norte da África, reconheceu Borrell na segunda-feira.
O Grupo Internacional de Contato (GIC), criado em conjunto com países da América Latina e da Europa, não se reúne há meses e, apesar da pressão de Washington em adotar mais sanções, a última série foi em setembro.
A Venezuela se tornou o primeiro país latino-americano sancionado em 2017 pela UE, que, desde então, impôs um embargo de armas, bem como sanções contra 25 funcionários venezuelanos pela “deterioração do Estado de Direito, da democracia e dos direitos humanos”.
Recentemente, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução solicitando o envio de uma missão a fim de avaliar a situação real no país.
Porém, a situação de bloqueio em que o país se encontra impossibilita que o enviado especial Enrique Iglesias chegue a Caracas, capital venezuelana, de acordo com a France Presse.
Esta é a segunda vez que o líder da oposição venezuelana desafia a proibição de viajar imposta por Maduro. A última vez que Guaidó atravessou a fronteira, foi em fevereiro passado, quando tentou liderar uma operação internacional para entrada de ajuda humanitária na Venezuela. A operação, a partir da cidade colombiana de Cúcuta, fracassou por causa do bloqueio das Forças Armadas venezuelanas.
Ofensiva diplomática
O opositor, que foi reconhecido como presidente interino da Venezuela, está em plena ofensiva diplomática. Ele passou pela Colômbia, onde se encontrou com o chefe o chefe da diplomacia dos EUA, Mike Pompeo. O americano afirmou que a promessa de maior apoio em sua luta para tirar Nicolás Maduro do poder.
O autoproclamado presidente da Venezuela também esteve no Reino Unido. No roteiro da seu tour, ainda está o fórum econômico de Davos, na Suíça.
A última escala do giro de Guaidó pelo exterior será em Madri. Porém, ele não será recebido pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, mas pela ministra de Relações Exteriores, Arancha González Laya.
Escritório invadido
Agentes venezuelanos invadem escritório de Guaidó após líder opositor viajar à Europa
Na terça-feira, agentes do serviço de inteligência da Venezuela (Sebin) invadiram o escritório dele em Caracas. Agentes encapuzados e armados cercaram o prédio.
Vários congressistas da oposição foram ao local, mas foram impedidos de entrar no escritório.
Fonte: MUNDO